O que é a masturbação?
É a auto-estimulação rítmica dos genitais com vistas à obtenção de prazer, das mais diversas formas, utilizando as mãos ou por meio de instrumento. Considerada como uma das práticas sexuais mais comuns, mais primitivas e com freqüência auto-aprendida, é utilizada pela quase totalidade dos homens e boa parte das mulheres, independentemente de idade. No entanto, por fugir ao até então “permitido”, raramente é comentada e talvez seja a que gere, ainda hoje, a maior culpa.
Existe algum prejuízo para o organismo?
Kinsey ao publicar, em 1948, seu relatório constatando a grande incidência da prática masturbatória entre os americanos, inclusive adultos, dá grande colaboração no sentido de provar a inocuidade da prática. O casal William Masters e Virginia Jonhson, em 1960, esmiúçam cientificamente o comportamento sexual humano avaliando as modificações fisiológicas que ocorrem durante o ciclo de resposta sexual, inclusive as particularidades desta, durante a masturbação. Esta prática só é nociva para o homem ou à mulher, se estes estiverem sendo compulsivos, isto é, muitas vezes ao dia e estiverem descontentes com isso.
Quais são as fases em que o homem e a mulher começam a desenvolver a sexualidade e se masturbar?
Nos jogos e brincadeiras infantis, as crianças se preparam em todas as áreas, para a vida adulta e é também nestes, que vivenciam seus sentimentos e curiosidades sexuais. As brincadeiras tão freqüentes e prazerosas de papai-mamãe, médico, casinha e outras, possibilitam a exploração do corpo. E é nesta exploração que descobrem as sensações prazerosas dos genitais. É, portanto, de maneira lúdica que a masturbação se insere na vida infantil podendo tornar-se o meio de satisfação sexual mais comum para ela.
Após os cinco ou seis anos, as diferenças anatômicas e fisiológicas, bem como, uma maior consciência das diferenças corporais entre os sexos determinam práticas e conotações sociais diferenciadas. Nas meninas, o fato de apertar uma perna contra a outra já pode ser um estímulo suficiente para produzir a excitação e o orgasmo. Já entre os meninos, como nenhuma contração muscular pélvica estimula diretamente o pênis, a ereção se dá graças à fricção ou a movimento manual.
É na adolescência, segundo a maioria dos autores, que a prática masturbatória atinge o seu auge. O Relatório Kinsey revelou que à idade de vinte anos, 92% dos rapazes e 32 % de moças se masturbavam. Barbach e Levine constataram que aos dezoito anos 80% dos meninos e 59% das meninas referiam práticas masturbatórias. As pesquisas demonstram que os meninos se masturbam mais do que as meninas.
Como os pais devem reagir ao ver os filhos se masturbando?
Os avanços em termos de compreensão dos aspectos fisiológicos e comportamentais da masturbação infantil foram, sem sombra de dúvida, muito grandes nos últimos anos. No entanto, enquanto para as crianças vivenciar a experiência masturbatória não passa de mais uma brincadeira, uma forma prazerosa de descoberta do corpo e de comunicação entre elas, na visão do adulto, em geral, é desconfortável e perturbadora.
A maioria dos adultos, ao presenciar as práticas masturbatórias infantis, ou reage com indiferença, ou ameaça com castigos, ou ainda desvia a atenção da criança para outra atividade. O importante nessa ocasião é explicar a normalidade do ato, mas colocar limites quanto ao local a ser usado e a quantidade de vezes.
A repressão à masturbação na infância ou adolescência pode causar danos para a vida sexual de uma pessoa?
Sim, a nossa educação repressiva que se orienta no comportamento sexual, com vistas somente pro criativas, faz com que não conheçamos o nosso corpo como um local de prazer total, interferindo na vida sexual que se estabelece somente como genitalizada e proibida.
A masturbação é importante para a vida sexual de uma pessoa?
A masturbação na adolescência, apesar da conotação social ainda repressiva tanto para os meninos quanto para as meninas, apresenta inúmeras vantagens, assim resumidas por Correia:
“- explorar o seu potencial sexual sem testemunhas; familiarizar-se com sua nova imagem corporal, resultante das transformações anatômicas e fisiológicas; aliviar as tensões de um meio social que lhe projeta expectativas para as quais, muitas vezes não se sente preparado; compensar dificuldades no contato afetivo e social; transportar-se para a dimensão subjetiva através da fantasia; equilibrar os impulsos sexuais; aumentar a autoconfiança sexual, necessária para um relacionamento a dois; promover o combate a solidão; substituir o (a) parceiro (a) quando, por timidez, tem dificuldade de compartilhar sua intimidade sexual e afetiva; fornecer um meio seguro de experimentação, sem o perigo de falhar expondo-se assim a julgamentos; aumentar o equilíbrio emocional num estágio de insegurança pelos sentimentos ambivalentes experimentados na adolescência.”
Antigamente, pensava-se que a masturbação poderia acarretar danos à saúde, como espinhas. Há fundamento ou é apenas um mito?
Apesar das descobertas científicas, ainda hoje, a masturbação é vista por muitas pessoas, como um problema e, como o próprio nome indica, um vício. Alguns mitos ainda são bem presentes, como cita Carrera: a masturbação causa doenças físicas; as pessoas casadas não se masturbam; você pode ficar viciado na masturbação; as pessoas idosas não se masturbam; a masturbação leva a um rebaixamento na vida social de uma pessoa; a masturbação é para pessoas que não tem parceiros; a masturbação é um sinal de homossexualidade; a masturbação é sinal de doença emocional; a masturbação causa miopia; as mulheres não se masturbam; só de olhar uma pessoa você pode dizer se ela se masturba; excesso de masturbação faz com que o homem fique com falta de esperma; a masturbação é sinal de que a pessoa é incapaz de manter relações sexuais.
A masturbação prévia pode realmente amenizar a ejaculação precoce?
É uma ação muito praticada por homens com ejaculação precoce, pois, na segunda ereção a ejaculação costuma ser mais demorada para muitos homens. Mas não é uma técnica que utilizamos para tratamento. A masturbação faz parte das técnicas de tratamento da ejaculação precoce através da Terapia Sexual, mas orientada por um profissional.
Sylvia Faria Marzano