quinta-feira, 8 de outubro de 2009

COMO CONVERSAR COM SUA PARCERIA SOBRE SEXO


Problemas sexuais são muito comuns. Dois grandes estudos encontraram que um em cada três homens no mundo tem um problema sexual, como falta de desejo, ejaculação precoce (EP), dificuldade de ereção (DE), ansiedade de desempenho, ou não estar satisfeito com sua vida sexual. Nesses estudos não foram incluídos outras informações que podem afetar a sexualidade incluindo a Doença de Peyronie (curvatura do pênis na ereção), hipogonadismo (testosterona baixa), câncer de próstata ou aumento benigno da próstata. Considerando todos esses outros fatores, foi sugerido que 50% de todos os homens experiência alguma forma de disfunção sexual.


De acordo com esses estudiosos, (1) a idade da nossa população, (2) um aumento das doenças associadas com a DE (incluindo diabetes, doenças cardíacas e hipertensão), medicamentos e cirurgias que podem causar problemas sexuais, e (3) o aumento do sedentarismo (falta de atividades físicas), todos contribuem para a alta incidência de disfunção sexual.


PORQUE É DIFÍCIL CONVERSAR COM A (O) PARCEIRA (O) SOBRE SEXO


Apesar de ser um problema comum, não é fácil falar sobre sexo. Não é só como falar com seus filhos sobre sexo, mas com sua parceria. Existem muitas razões por trás disso: você pode ter esperança que o problema vai desaparecer sozinho, ou você pode imaginar que a sua parceria irá pensar mal de você ou diferente sobre você por causa do seu “problema”. Você pode pensar que é “menos homem pela sua dificuldade sexual. Também a grande maioria pensa que é natural na sua idade, mas não é necessariamente verdade. Sua vida sexual não termina com a idade. Estudos demonstram que 40% dos homens com mais de 70 anos ainda têm vida sexual satisfatória. Você pode estar com medo das causas e do tratamento do “problema”. Diferente das mulheres, os homens não conseguem falar sobre seus sentimentos, pois não têm habilidade para tal. Claro que, ajuda muito se o casal estiver bem juntos – se estiverem discutindo muito, ficará difícil trazer esses assuntos para discussão.


PORQUE É IMPORTANTE CONVERSAR COM A (O) PARCEIRA (O) SOBRE SEXO


Enquanto você estiver ocupado em disfarçar que não existe o “problema”, ou espera que desapareça sozinho, a parceria pode estar pensando porque você está assim. O sexo é uma parte importante da maioria dos relacionamentos e, quando existe um problema ambos são afetados. Em geral a parceira está preocupada em não iniciar a conversa sobre o assunto para não ferir seus sentimentos. Mas, isso é um erro, pois a sua parceria é a mais interessada em ajudá-lo a melhorar a saúde. Sua parceria é mais objetiva e pode ser mais capaz de dar-lhe informações do que você poderia supor.


Os parceiros também imaginam que eles são responsáveis pelo problema. A mulher pode pensar que não está mais atraente para o parceiro ou que ele pode estar tendo um caso extraconjugal. Algumas parcerias podem até ficar contentes, pois seus parceiros estão no fim da vida sexual. Não importa qual seja a sua situação particular, se você tem uma parceria são duas pessoas tentando entender e cooperar para a melhora dessa disfunção sexual.


Uma importante razão para conversar com sua parceria é que ela o(a) ama, e gostaria de ver você saudável e feliz. Outra razão para discutir sobre o assunto sexual é que pode ser um sintoma de um possível problema mais sério de saúde. Se a sua DE for secundária a outra condição médica, você pode estar perdendo a oportunidade de diagnosticar e tratar esse problema: hiperglicemia, hipertensão, hiperlipidemia ou doenças cardíacas.


TRAZENDO O ASSUNTO PARA A DISCUSSÃO


Há algumas coisas que você pode fazer para que a discussão transcorra com delicadeza. Primeiramente deixe sua parceria saber que você tem um assunto importante para tratar. Então, encontre um momento que vocês dois sozinhos possam estar face a face e sem interrupções. Não espere o horário que os dois estejam cansados e na cama, ou na hora de ir para o trabalho, no meio da correria. Combinem em não atender ao telefone enquanto estão conversando, e não deixem a televisão ligada.


Antes de sentar para conversar, pense o que você vai querer fazer assim que o assunto for esgotado: - Você vai querer que sua parceria vá com você ao médico? – Você vai querer que sua parceria vá com você a um terapeuta sexual ou de casal? – Você precisará de sua parceria para ajudá-lo no plano de tratamento médico?


Quando você decidir que espécie de ajuda você precisa ou quer da sua parceria, você está pronto para falar com ela. Seu problema sexual é muito mais comum do que você pode imaginar, mas não deixe de lado os aspectos emocionais que envolvem o relacionamento. É um problema que afeta aos dois. É comum sentir-se não confortável ao conversar sobre assuntos sexuais, mas não é positivo que os dois o ignorem. Nestes dias, temos tratamentos efetivos para problemas sexuais.


Lembre-se: mesmo que você tenha alguma disfunção sexual, há uma solução para quase tudo.


Dra. Sylvia Faria Marzano - urologia e terapia sexual


Referência: SEXUAL HEALTH & MEDICINE - 2006

TERAPIA SEXUAL

A Terapia Sexual teve início em 1960 com a contribuição dos estudiosos Masters e Johnson, que descreveram a resposta sexual humana, e depois, nos anos de 1970, houve grande contribuição de Helen Kaplan, no sentido de propor métodos mais adequados para essa terapia.

É uma psicoterapia focal breve que, em geral baseia-se na Terapia Comportamental Cognitiva (desfazer mitos e crenças e mudança dos comportamentos não apropriados entre os casais). Grande número de terapeutas sexuais, costuma utilizar-se de outras ferramentas como, técnicas psicodramáticas, que muito contribuem na abordagem do cliente com queixa sexual.

O paciente costuma perguntar sobre que tipo de conversas terão na sessão da terapia sexual e se é “isso” que ajuda. Não são “conversas” que fazemos nos consultórios, mas sim um estudo junto com o cliente, de toda a sua história de vida, os papéis e modelos que aprenderam da família de origem, os mitos e as crenças, as dificuldades de relacionamento com a parceria, a procura de conflitos intra-psiquicos, etc. Juntamente com essa abordagem, o cliente é orientado a fazer tarefas sexuais em sua residência, algumas sozinho e outras com a sua parceria (digo parceria, pois essa terapia se aplica a hetero ou homossexuais).

As maiores queixas das mulheres nos consultórios, em relação às disfunções sexuais, é em relação à diminuição do desejo sexual, e em seguida a falta de orgasmo.

As queixas sexuais, tanto podem acarretar uma inadequação na vida do casal, ou esta ser a causa da disfunção.

A Terapia Sexual pode ser realizada, por solteiros e casados. Quando houver a participação da parceria, isto é, os dois querem uma melhora do relacionamento conjugal e sexual, mesmo que não sejam casados, pode haver uma maior chance de mudanças e reajuste deste. Mas, é muito comum o cliente homem com queixa de ejaculação precoce, ou a mulher, com vaginismo, procurarem uma terapia sexual sem parceria no momento, e podem beneficiar-se muito desse tratamento.

Uma das queixas encontradas é que o homem quer mais sexo que a mulher, mas existem fases da vida dessa parceria, que pode fazer com que essa procura seja invertida. Para uma adequação do casal, no sentido de nenhum fazer aquilo que não está bem para o momento, o melhor método é o aprendizado da assertividade: poder contar ao outro seus desejos, anseios e dificuldades, sem medo de magoar ou não ser entendido. Dialogar é o melhor remédio, mas para isso precisamos desfazer crenças errôneas e mudar comportamentos.

Então, nas sessões de terapia sexual, vamos desconstruir o relacionamento inadequado, para uma nova construção, para que o casal se coloque por inteiro na relação, de acordo com os seus próprios desejos, mas com correções no seu aprendizado sexual e da vida.

Sylvia Faria Marzano – urologista e terapeuta sexual

Diretora do Instituto ISEXP – www.isexp.com.br